O socorro a Silvio Santos e a falência na Região Serrana

Enquanto os empresários enfrentam a burocracia do Governo Federal para ter acesso aos R$ 4 milhões prometidos peo BNDES para permitir a reconstrução e a recomposição da economia da região serrana do Rio de Janeiro, continuam nebulosas as razões pelas quais Silvio Santos concordou em vender o controle do Banco Panamericano (37,64% do capital) por míseros R$ 450 milhões, enquanto a Caixas Econômica federal fora obrigada pelo Governo a adquirir, em dezembro de 2009 a fatia de 36,56% das ações pela bagatela de R$ 739,24 milhões.

Esta semana, a Caixa Econômica Federal e o BTG Pactual vão comprar R$ 14 bilhões em títulos e carteiras de crédito do banco PanAmericano para que ele possa funcionar em condições competitivas, segundo reportagem da Folha de S. Paulo. Ainda segundo a “Folha”, a proporção que cada um dos sócios colocará no PanAmericano não será igual, apesar de terem praticamente o mesmo percentual de ações do antigo “Baú da Felicidade Financeira” de Silvio Santos: a Caixa comprará R$ 10 bilhões, e o BTG Pactual, R$ 4 bilhões. Os R$ 10 bilhões da Caixa serão aplicados na compra de carteiras de crédito (R$ 8 bilhões) e em certificado de depósito interbancário (R$ 2 bilhões). Os R$ 4 bilhões do Pactual serão aplicados exclusivamente em CDI, um título similar ao CDB, mas que é comercializado só entre bancos.

Para empregados e patrões da região serrana, que ficaram sem emprego e sem empresas, a burocracia do BNDES ainda não liberou um só real, mas o Governo Federal foi rápido no socorro a Silvio Santos, cujo banco apresentava um rombo de mais de R$ 5,5 bilhões, fruto do nepotismo (administrado por parentes do sócio controlador) e pelas fraudes que o Banco Central não detectou em tempo oportuno, nem mesmo a direção da Caixa, que entrou com dinheiro limpo, do Tesouro, para salvar uma empresa destruída por dentro pelos seus próprios donos.

A única diferença visível entre os milhares de empresários da região serrana –  castigada pela incompetência do Poder Público em prevenir e minimizar desastres naturais – e Silvio Santos é uma rede de TV, sempre solícita para divulgar as promessas do Governo Lula, o que dá à operação de socorro ao Panamericano a nódoa de uma “ação entre amigos”, mas colocando em risco o patrimônio Público (a Caixa é uma empresa estatal).

O empresariado fluminense não pode permanecer calado e acovardado diante de tais desmandos no campo federal. Milhares de empregos estão em jogo e cidades precisam ser reconstruídas. A demora na chegada do dinheiro prometido pelo BNDES contrasta com a agilidade com que os recursos a fundo perdido (doados) para as obras a serem feitas pelas prefeituras locais, como remoção de entulho e barreiras, limpeza das ruas, restabelecimento de serviços fundamentais como fornecimento de água, energia elétrica e telefonia. E as denúncias de compadrio na contratação de prestadores de serviço, sem a indispensável licitação pública, já começa a aparecer no noticiário policial, como o de uma pequena construtora contratada por uma prefeitura da região por mais de R$ 1 milhão para a remoção de escombros.

Cabe agora ao empresariado fluminense liderar uma campanha pela reconstrução da região serrana, sem compadrio ou troca de favores escusos, mas voltado exclusivamente para a restauração da economia local, principalmente na área do turismo, que gera emprego e renda, pois estamos ás véspera de uma Copa do Mundo e de uma Olimpíada. E a região serrana tem tudo que um turista estrangeiro precisa: o calor humano e as belezas naturais. Mãos à obra, pois o Brasil tem urgência na geração de emprego e renda!

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