O Governo do Estado e a “Síndrome da Mariposa”

Jornalista de profissão e governador por desastrada e desavisada indicação do casal Garotinho, Sérgio Cabral tem uma obsessão pela mídia, o que poderíamos chamar de “Síndrome da Mariposa”. Na tragédia do Rèveillon de 2009 na Ilha Grande e no Morro da Carioca, em Angra dos Reis, o governador estava em sua luxuosa residência de Mangaratiba, a menos de 60 quilômetros de distância, mas levou dois dias para aparecer em Angra dos Reis para acompanhar os trabalhos de resgates dos corpos das vítimas dos desmoronamento. Em 2010, estava novamente ausente no momento em que a Defesa Civil chegava ao Morro do Bumba, em Niterói, para resgatar corpos e remover famílias que ainda estavam em casas em área de risco, um monturo de lixo de um desativado lixão da prefeitura local, comandada há décadas pelo PDT e o PT.

O governador estava de férias na Europa quando houve os desmoronamentos na região serrana do Rio, na madrugada de terça (12 de janeiro), mas só chegou a Nova Friburgo na sexta (14) para acompanhar a presidente Dilma Rousseff na visita as áreas afetadas pela chuva, pois Sérgio Cabral viajara no início daquela fatídica semana para a Europa, em gozo de merecidas férias depois de ser reeleito. Em todas as aparições do sorridente governador, lá estavam os refletores, câmeras e microfones de rádios e jornais, inclusive do exterior. Em momento algum ele foi solidário com as vítimas, embora esteja clara a responsabilidade do Governo em todas essas tragédias, pois eram tragédias anunciadas com antecedência, inclusive pelo INMET (Instituto Nacional de Meteorologia).

Em todas essas ocasiões, o governador sempre deixou claro que a culpa das tragédias era dos governos anteriores, isto é, do próprio Sergio Cabral - que está sem seu segundo mandato - e dos seus padrinhos políticos Anthony e Rosinha Garotinho, por não cumprirem, nem fazer cumprir as leis que proíbem construções em áreas de risco, inclusive nas margens de cursos d”água, com se vê por toda a região metropolitana. Outra manifestação do governador foi prometer a liberação de recursos para socorro das vítimas, a reconstrução de casas e a revitalização da economia local, em especial nas áreas de turismo, como Angra dos Reis (Ilha Grande), Petrópolis (Itaipava), Teresópolis e Nova Friburgo, ou de agricultura familiar, como Vale de São José do Rio Preto e Sumidouro. Em todos os casos, as vítimas ainda não receberam sequer o aluguel social de R$ 400 por mês, como prometido.

O maior parceiro político do governador, o prefeito Eduardo Paes, segue o mesmo figurino: só trabalhar diante dos holofotes da mídia. Até hoje, dezenas de famílias do morro do Urubu, em Quintino, cujas casas desmoronaram com as chuvas de abril de 2010, continuam sem ter onde morar. Já no caso da Cidade do Samba, destruída parcialmente por um incêndio criminoso - laudo do Corpo de Bombeiros de 2010 apontava falhas gravíssimas no sistema anti-incêndio - o prefeito Eduardo Paes anunciou um socorro imediato de R$ 3 milhões para ajudar as escolas de samba Grande Rio (que perdeu tudo), União da Ilha e Portela a refazerem fantasias, adereços e carros alegóricos. Nenhuma restrição à ajuda ao Carnaval, que atrai milhares de turistas, inclusive do exterior, gerando empregos diretos (desde a confecção das fantasias até a movimentação no setor hoteleiro), além de gerar preciosas divisas para equilibrar as contas públicas e garantir à classe média alta a chance imperdível de comprar quinquilharias em Miami, Nova York ou Paris.

Para nossos governantes - que sofrem da “Síndrome da Mariposa”, que são atraídas pela luminárias, mesmo que morram queimadas - mais importante do que governar e garantir a segurança da população é aparecer nos telejornais, de preferência chorando, para demonstrar solidariedade, mas nunca para pedir desculpas por terem fracassado em suas administrações, como o povo sempre crédulo espera.

Certamente, eles continuarão alheios ao sofrimento do povo até a próxima eleição!!