Jobim diz que resistência contra a ‘comissão da verdade’ é ‘minoritária’

  • Published in País

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, admitiu que "setores minoritários" das Forças Armadas ainda resistem às iniciativas para esclarecer as mortes e os desaparecimentos políticos ocorridos durante o regime militar (1964-1985). Segundo Jobim, os militares que se opõem a projetos como a criação da Comissão da Verdade estão na reserva e integram o mesmo grupo que discorda das recentes mudanças no âmbito da Defesa, mas são em número menor do que aqueles favoráveis à apuração dos fatos.

- Não há nenhuma dificuldade em relação às Forças Armadas [quanto à apuração dos crimes contra os direitos humanos]. Eventuais bolsões de resistência sobre a memória podem se encontrar em algum setores muito minoritários. Alguns militares mais tradicionalistas da reserva não veem com bons olhos as mudanças que fizemos no Ministério da Defesa, como a subordinação das Forças Armadas ao poder civil democrático", disse Jobim.

Jobim lembrou que a proposta de criação da comissão precisa ser aprovada no Congresso. "Esse projeto teve o absoluto apoio do ministério e meu. Houve uma divergência inicial com o então secretário de Direitos Humanos [Paulo Vannuchi] sobre a natureza do projeto, que era unilateral, prevendo a análise da memória histórica somente por um lado enquanto nós queríamos que a análise fosse completa. Não há nenhuma divergência com a atual secretária Maria do Rosário", disse, durante a entrevista a emissoras de rádio.