Legado de Marielle: Assessoras são eleitas para Assembleia do Rio

Marielle Franco Reprodução FacebookHá quase sete meses, "Marielle vive" se tornou palavra de ordem pelas ruas do Rio de Janeiro. Agora, a palavra também ganha o Parlamento estadual. Vindas de comunidades da periferia da zona norte da capital fluminense, três assessoras diretas da vereadora, assassinada em março, assumirão em 2019 mandatos na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Eleitas no último domingo (7), Renata Souza, Dani Monteiro e Mônica Francisco farão parte da bancada do PSOL e prometem dar prosseguimento ao trabalho de defesa dos direitos humanos.

Se Marielle não tivesse sido executada, talvez nenhuma das três teria se candidatado. Elas contam que já tinham pensado em se candidatar no futuro, mas o projeto foi antecipado com a morte de Marielle Franco. "Era uma coisa pensada talvez para o horizonte de 2020, com uma construção gradual, como tem que ser. A execução da Marielle precipita esse processo", conta Mônica Francisco.

DESAFIOS

Segundo Renata Souza, Marielle sempre trabalhou para que outras mulheres negras ocupassem mandatos no Legislativo. “Nossa resposta [ao crime] não foi recuar. Fomos ousadas e desafiamos o pragmatismo político, que diz que só pode vir no máximo uma mulher negra por vez. E nós dissemos não, dessa vez vão três. E trabalhamos para que todas três fossem eleitas", diz a candidata mais votada da bancada do PSOL, com 63.937 votos.

As eleitas prometem mandatos com foco em medidas que contribuam para superar as desigualdades sociais e promover políticas públicas em comunidades da periferia. "A favela é historicamente o lugar da política pública ineficaz, precária, descontinuada. A militante do movimento de favela luta pelo direito à água, pelo saneamento, pela habitação, pela saúde, pela educação. São os problemas que queremos enfrentar", diz Mônica Francisco, que obteve 40.631 votos.

Na visão de Dani Monteiro, que conquistou 27.982 votos, as candidaturas também devem contribuir para uma revisão do passado do país, de forma a perceber a necessidade de reparação, já que "a abolição da escravatura não constituiu direitos e não houve inclusão das pessoas que até então as via como inferiores”.

Para levar adiante as propostas, as três precisarão lidar com parlamentares com pensamentos bem diferentes. O PSL, partido do presidenciável Jair Bolsonaro, conquistou a maior bancada e terá 13 deputados estaduais a partir do próximo ano. O mais votado deles é Rodrigo Amorim, que provocou polêmica ao posar para uma foto em Petrópolis (RJ) destruindo uma homenagem à vereadora Marielle Franco.

As eleitas serão responsáveis por fazer com que a Alerj tenha a maior quantidade de mulheres negras de sua história. Serão seis, enquanto atualmente há apenas duas. Ao mesmo tempo, o trio contribuirá para ampliar no próximo ano a representação feminina de uma forma geral - que saltará de oito parlamentares para 11 - e também a representação negra - que sai de 12 para 22. A casa legislativa tem ao todo 70 deputados estaduais. (Agência Brasil)

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