Tombini: “Fluxo intenso de capital estrangeiro dificulta combate à inflação”

Foto: Antanio Cruz ABrA maior intensidade da entrada de capital estrangeiro no Brasil traz desafios no combate à inflação, na avaliação do presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, que participou de audiência pública na Câmara dos Deputados, no último dia 5. Para o presidente do BC, o fluxo intenso de capital para o Brasil serve de “combustível” para a expansão rápida do crédito, em um momento em que é necessário o crescimento moderado. Tombini disse que o aumento intenso da entrada de capital também gera impactos nos preços de ativos e no câmbio. Ele enfatizou, entretanto, que o Brasil precisa de investimentos estrangeiros e está aberto ao capital externo, mas é preciso atenção quanto à intensidade.

O presidente do BC lembrou que o governo adotou medidas macroprudenciais para “ponderar, reduzir” esse fluxo de entrada de capital estrangeiro. Segundo Tombini, a definição de uma “quarentena [prazo limite entre a entrada e a saída de recursos, para que possa haver ganhos de rentabilidade] não está no radar do Banco Central”. Ele destacou ainda que os preços das commodities (produtos básicos com cotação internacional) agrícolas e do petróleo também têm estimulado a inflação no Brasil.

Tombini reforçou que, mesmo com o “forte aumento dos preços das commodities”, o BC mantém o objetivo de fazer a inflação convergir para a meta, que é de 4,5%, com margem de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. A expectativa do mercado financeiro para a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para este ano está em 6,37%, acima do centro da meta.

Ele afirmou que a inflação no país deve ser mais baixa nos próximos meses. “Veremos uma inflação mensal girando em valores mais baixos”, disse. Segundo ele, a inflação deve ficar dentro da meta, com o nível mensal variando entre 0,35% e 0,40%. “Estaremos caminhando para o controle da inflação”, afirmou em audiência pública na Câmara dos Deputados. “O cidadão comum vai sentir a inflação mais baixa ao longo do ano”, destacou.

Projeção de analistas para inflação oficial diminui

Depois de oito semanas seguidas de projeções de inflação em alta, a estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), neste ano, caiu de 6,37% para 6,33%, segundo o boletim Focus, publicado segunda-feira (9) pelo Banco Central (BC). A projeção menor dos analistas do mercado financeiro consultados pelo BC todas as semanas veio após a divulgação do IPCA de abril. Na última sexta-feira (6), o Instituto de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a inflação oficial no período ficou em 0,77%, uma pequena redução em relação ao mês anterior (0,79%). Em 12 meses encerrados no mês passado, entretanto, a inflação ultrapassou o limite superior da meta de inflação para o ano (6,5%) ao chegar a 6,51%.

Mas a expectativa dos analistas e também do governo é que a inflação se reduza ao longo do ano e fique dentro do limite superior da meta. O centro da meta, 4,5% só deve ser alcançado em 2012, na avaliação de Tombini. Quando o BC considera que a economia está muito aquecida e os preços seguem trajetória de alta, a taxa básica de juros, a Selic é elevada. Neste ano, o BC já aumentou a Selic, usada como instrumento para controlar a inflação, em 0,50 ponto percentual em janeiro e março, e em 0,25 ponto percentual em abril. Atualmente, a Selic está em 12% ao ano.