Dilma cobra de Obama fim de barreiras comerciais

19032011JFC4633_Jos_Cruz-ABrAo presidente Obama, toda cordialidade e honras merecidas. Na hora de discursar ao lado do homem mais poderoso na política mundial, a presidenta Dilma Rousseff, porém, falou grosso, criticando o protecionismo da política comercial norteamericana e cobrou apoio na busca do Brasil por uma vaga fixa no Conselho de Segurança da ONU. Obama foi recebido em Brasília e foi recebido por Dilma no Palácio do Planalto. Em vários momentos, os dois mantinham várias conversas fora dos microfones, e o clima entre eles parecia de entrosamento antigo. Longe das câmeras, assinaram 10 tratados bilaterais.

- Somos um País que se esforça por sair de anos de baixo desenvolvimento. Por isso, buscamos relações comerciais mais justas e equilibradas. Para nós, é fundamental que sejam rompidas as barreiras que se erguem contra nossos produtos - etanol, carne bovina, algodão, suco de laranja, aço, por exemplo - disse Dilma, mencionando produtos brasileiros que os EUA sobretaxam e que ficam caros para serem comprados por americanos. Demonstrando estar muito bem informado sobre a história do Brasil, Obama deu sinais do quanto tem interesse pelo País. Ele lembrou a transição da ditadura para a democracia e chegou a mencionar a biografia da presidenta: “O crescimento extraordinário do Brasil tem chamado a atenção do mundo todo graças ao sacrifício de pessoas, como a presidenta Rousseff.”

 

E riu de si mesmo ao manifestar a intenção de seu país de ajudar na preparação do Brasil para receber a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Quando começou a falar do assunto, levou a mão ao peito, disse “isso ainda me dói” e riu, olhando para Dilma, que também riu. O americano falava da derrota de Chicago (seu berço político) para o Rio de Janeiro na disputa para ser sede da Copa.

Sobre a vontade do Brasil de ter uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU, em seu discurso, Obama se limitou a dizer que os “Estados Unidos continuarão trabalhando com o Brasil e outras nações em reformas no órgão. Na declaração conjunta dos presidentes por escrito, ele disse que os EUA têm “apreço” pela aspiração do Brasil pela vaga. Em seu discurso, Dilma defendeu a “ampliação” do Conselho de Segurança da ONU, como base para uma “reforma fundamental” da “governança global”.

Comércio, protecionismo e investimentos

Temas econômicos dominaram conversa entre a presidenta Dilma Rousseff e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, antes do pronunciamento dos dois presidentes. A política comercial dos Estados Unidos e os investimentos norte-americanos no Brasil foram os principais temas da reunião no Palácio do Planalto. Dilma Rousseff tratou da política protecionista dos Estados Unidos em relação a diversos produtos brasileiros, como algodão e suco de laranja. Obama manifestou desejo de que os norte-americanos possam participar de investimentos na exploração de petróleo na camada pré-sal.

Em declaração conjunta à imprensa no Palácio do Planalto, Dilma citou setores como o de biocombustíveis, especificamente o etanol, exportação de carne, algodão, suco de laranja e aço, produtos brasileiros que precisam enfrentar sobretaxas para entrar nos Estados Unidos. “Somos um país que se esforça para sair de anos de baixo desenvolvimento. Por isso buscamos relações comerciais mais justas e equilibradas. Para nós, é fundamental que sejam rompidas as barreiras que se erguem contra nossos produtos”, defendeu Dilma. Ela disse ainda que está preocupada com os “efeitos agudos gerados pelas crises recentes”, mas que reconhece os esforços feitos pelo presidente Barack Obama para dinamizar a economia norte-americana, abalada pela crise dos últimos anos.

O tom do discurso foi classificado pela própria presidenta como de franqueza. “Se queremos construir uma relação de maior profundidade, é preciso também com a mesma franqueza tratar de nossas contradições”.

Assinatura de acordo de patentes ficou para depois

A necessidade de aprofundar a discussão sobre o tema levou o governo brasileiro a adiar a assinatura do acordo de patentes entre o Instituto Nacional da Propriedade Industrial e o escritório congênere dos Estados Unidos, previsto para ocorrer durante a visita do presidente norte-americano. O acordo piloto permitiria ao Inpi ingressar no programa Patent Prosecution Highway (PPH) e evitar a duplicidade de trabalho dos escritórios dos dois países no que se refere à concessão de patentes.

O PPH é um mecanismo sugerido originalmente pelos japoneses como uma solução para aliviar o backlog (acúmulo de patentes para análise) e evitar a redundância de trabalho entre os escritórios do mundo inteiro. Mesmo antes de ser assinado, o acordo foi contestado pelo grupo de trabalho sobre propriedade intelectual da Rede Brasileira de Integração dos Povos. A entidade assegura que o PPH não traz vantagens ao Brasil. E antecipa que a qualidade do exame de patentes cairá no país.

O presidente do INPI, Jorge Avila, disse que existem  propostas em análise, vindas do México, Chile e Espanha, para fazer com o Inpi sistemas colaborativos semelhantes ao do PPH. A questão continuará sendo debatida até que o governo e a sociedade como um todo se sintam seguros em relação ao sistema, afirmou.

Empresários fazem recomendações a Dilma e Obama

Os presidentes das maiores empresas do Brasil e dos Estados Unidos se reuniram no Palácio Itamaraty e apresentaram aos presidentes norte-americano, Barack Obama, e Dilma Rousseff recomendações em quatro áreas: comércio e investimentos; educação; energia e ciência e tecnologia; e infraestrutura. Segundo o presidente da empresa Cummins e do Fórum de CEOs Brasil-EUA pelo lado norte-americano, Tim Solso, foram apontados itens específicos de cada área que podem melhorar a relação econômica entre os dois países. Na área de comércio, foi colocada a necessidade das reformas tarifária e alfandegária, além do sistema de vistos. Na área de infraestrutura, Solso disse que os empresários pedem reformas no sistema de licitações públicas para que empresas norte-americanas tenham mais possibilidades de participar. Em educação, o pedido é que haja uma isenção para investimentos no setor.

O presidente do fórum pelo lado brasileiro e da Coteminas, Josué Gomes da Silva, disse que as recomendações foram “amplamente aceitas” pelos presidentes, que, antes mesmo de as receberem, fizeram discurso tocando nos principais pontos apresentados. Na avaliação do presidente da Coteminas e filho do ex-presidente José Alencar, os principais destaques levantados pelo fórum foram as áreas de ciência e tecnologia e educação. Ele disse que o Brasil é líder na produção de petróleo em águas profundas e que, com a cooperação tecnológica com empresas dos Estados Unidos, a exploração do pré-sal poderia ser feita num tempo menor. Desde que o fórum foi criado, em 2007, esta é a sexta vez que os empresários das principais empresas dos dois países se reuniram.

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