Veículos: Financeiras prevêem queda na inadimplência

A inadimplência dos empréstimos e financiamentos deverá cair após as medidas de estímulo ao crédito e à compra de veículos anunciadas pelo governo no último dia 21, segundo especialistas ouvidos pela Agência Brasil. A razão é que as novas prestações ficarão mais baratas. Dados divulgados sexta-feira (25) pelo Banco Central (BC) mostram que a inadimplência do crédito para a compra de veículos atingiu 5,9%, em abril, a maior da série histórica iniciada em 2000. O presidente Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), Décio Carbonari de Almeida, prevê que as prestações serão reduzidas em cerca de 10%, na mesma proporção do índice esperado no valor do carro. Com isso, acredita que as condições para a liberação de crédito, a partir das novas medidas do governo, também serão melhoradas.

Nas suas contas, uma prestação de R$ 500 poderá ser reduzida para R$ 450. “Se a renda mínima exigida é quatro vezes o valor da prestação, o cidadão precisava ter uma renda de R$ 2 mil para uma prestação de R$ 500. Com a queda para R$ 450, a renda [exigida] cai para R$ 1,8 mil”, avaliou. Segundo ele, abre-se uma janela para que clientes com renda entre R$ 1,8 mil e R$ 2 mil que, até antes das medidas, não tinham condições de ter crédito, agora tenham chance de contratá-lo. Além disso, o cliente de renda alta que compra carro zero à vista também é estimulado, porque vê a oportunidade de trocar de carro com algo em torno de 10% de desconto.

Outro fator importante para reduzir a inadimplência é que, a partir do momento que cai o valor da prestação, o novo cliente terá mais condições de pagar o financiamento do que os clientes anteriores que pagavam mais. Nos caso dos automóveis, o presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras lembra que é importante separar os financiamentos antigos dos novos para fazer essa avaliação.

Segundo ele, as medidas anunciadas pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, associada à política de redução das taxas bancárias de juros, “contribuem, sem dúvida, para a queda da inadimplência”, uma vez que, com juros menores, a dívida fica mais barata. Além disso, lembrou que o devedor tem também a possibilidade de transferir a dívida para um banco que cobre menos – a chamada portabilidade.