“O caminho para uma boa educação: professores, gestores e pais envolvidos”

A tese de união é do deputado estadual Marcelo Dino, ao propor enfrentamento para retirar Duque de Caxias das últimas posições do IDEB

Com seu nome indicado para ser o vice-prefeito de Duque de Caxias nas eleições deste ano, o deputado estadual Marcelo Dino (União), falou ao Capital sobre os problemas da educação e os caminhos para enfrentá-los.

A conversa começa ao ser indagado como ele vê a forma que esse segmento vem sendo tratado pelos gestores que por ela têm passado.

- Vejo com muita tristeza porque você ouve a maioria dos políticos falarem que a única saída para um crescimento de uma pessoa, de um bairro ou do município é a educação, mas o nosso município é o pior de todos. São 92 municípios, dos quais 91 fazem parte do ranking e Duque de Caxias está em 91º lugar entre os que participam. Isso é desalentador.  Duque de Caxias está em último lugar no IDEB [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica]. Infelizmente há algum tempo fomos o 85º e agora estamos nessa posição vergonhosa, perdendo cinco posições. Não tem mais para onde ir, só resta orar - lamentou o deputado. Ele, porém, aponta caminhos para buscar grande melhorias.

- Como é que você consegue mudar isso? Primeiro, não podemos esquecer que os nossos professores são capazes, são profissionais qualificadíssimos, até porque o concurso é acirrado – pontuou. E continuou: “O que falta na verdade é um prefeito que coloque alguém na Educação que tenha conhecimento e compromisso com a boa formação de futuros cidadãos, um técnico altamente qualificado e capaz, não um nome fruto de acordo político. É esse comportamento viciado que paralisa a busca pela a qualidade e eficiência, não somente da Educação”, completou.

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Sobre a questão desses “acordos políticos”, Marcelo Dino afirma: “Tenho muito orgulho de dizer que quando vim candidato a prefeito, eu não tinha nenhuma secretaria negociada e de forma especial, Deus colocou no meu coração a Educação. Precisamos em primeiro lugar estimular os nossos profissionais, mas quando falo isso, não é só do professor. Falo também dos SG [Serviços Gerais] que constantemente estão com os salários atrasados, e o pessoal administrativo e de apoio, porque todos eles fazem parte da Educação. Não é só o professor, é um coletivo de pessoas dedicadas. A partir daí, da valorização do Servidor Público, você deve começar a buscar a interação com a família”, comentou.

- O prefeito precisa entender o que acontece, tem que sentar e estudar profundamente os problemas. Ele tem a caneta para poder mudar a história e dessa forma, sim, eu tenho certeza que nós teremos alunos que verdadeiramente possam avançar. Um exemplo que eu dou: trabalhei no Colégio da Polícia Militar, que é um colégio público. Há tempos o Governo Federal falou que acabaria com o incentivo para as escolas cívico-militares e eu fiz questão de ir lá ver. Um colégio público, mas vi ali pessoas que têm compromisso e que ajudaram as crianças a avançar. Dali nós tivemos crianças, jovens aprovados para o Pedro II, são estudantes com base para chegar à uma faculdade de medicina, de direito, para passar para universidades federais e estaduais. Vi alunos que passaram para a ESA [Escola de Sargento das Armas], para a EPCAR [Escola Preparatória de Cadetes do Ar], AMAN [Academia Militar das Agulhas Negras], EsPCEx [Escola Preparatória de Cadetes do Exército], e tantos outros cursos como ITA [Instituto Tecnológico da Aeronáutica] e IME [Instituto Militar de Engenharia], que são os concursos mais difíceis do Brasil, alunos aprovados para grandes instituições, tanto militares como civis - afirmou.

Perguntado sobre mudanças na forma de ensino, o deputado disse: “Tem coisa que é muito polêmica, mas nós precisamos nivelar as nossas turmas. Chamar os professores para tentar nivelar, não é discriminar, é sim ser audacioso! É decidir mudar a Educação e não ficar patinando sem sair do lugar”. E questionou: “Eu ouço falar que vão trazer a faculdade de medicina para o filho do trabalhador. Mas qual trabalhador? Questiono hoje você, morador de Duque de Caxias: Que trabalhador é esse? O empresário é trabalhador, aquele que tem um bom salário é um trabalhador, mas com certeza não é para o filho daquele que estuda no colégio público de Duque de Caxias, tendo a pior Educação do Estado do Rio de Janeiro. Então, isso nunca vai acontecer. Precisa de alguém que tenha coragem para romper esse sistema chamando os pais. Precisamos do triangulo perfeito. O caminho para uma boa educação: professores, gestores e pais envolvidos”.

ATÍPICOS

O parlamentar afirmou estar preocupado com a quantidade de crianças autistas sem apoio. “As crianças autistas e as PCDs merecem e precisam de uma escola somente para elas. Não é nenhum tipo de discriminação, mas proporcionar um espaço pensado e feito para elas e com equipe multidisciplinar, ou seja, com vários profissionais que entendem essas necessidades e estejam verdadeiramente preparados para auxiliar no desenvolvimento dessas crianças”.

E continuou: “Tem pessoas que acham que isso é discriminar, não é, isso é entregar o melhor, é dar o que essas crianças necessitam para o melhor desenvolvimento. Até porque nós iremos colocar as crianças nas escolas que os pais quiserem, que eles decidirem, com o mediador, pessoas com o curso ABA [indicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a ABA é uma ciência de aprendizagem voltada para o tratamento de pessoas com desenvolvimento atípico, especialmente o autismo]. Inclusive está tramitando aqui na Alerj um Projeto de Lei meu, para que todo mediador tenha esse curso, mas ofereceremos a opção de escolha porque entendemos o que é o melhor”.

ESCOLAS EM TEMPO INTEGRAL

Sobre as escolas em tempo integral, Marcelo disse que é um assunto que tem no coração: “É um desafio fazer uma grande prova e ter essas escolas como modelo, em vários espaços em Duque de Caxias para que todo aluno que atingir um maior rendimento possa estar ali. Não é esquecer os outros alunos, mas é mostrar que o filho do trabalhador também tem oportunidade de avançar, de romper limites. Na verdade, o que o sistema de hoje faz é colocar todo mundo limitado à falta de parâmetro. O aluno lá de cima ajuda a puxar o de baixo e o garoto lá de baixo puxa para baixo o de cima e eu faço uma pergunta ao professor: você tem um aluno no meio, um abaixo e um acima. Vai dar aula para quem? Se focar no do meio o de baixo vai ficar perdido e o de cima desmotivado. Mais uma vez, não é discriminar, mas entender o momento de cada estudante, é fazer justiça e oportunizar”, afirmou

- Creio que temos que voltar ao passado, àquele tempo em que a escola pública era melhor do que a privada. Tenho certeza que podemos trazer uma qualidade para que os filhos de famílias humildes, possam ingressar numa faculdade de medicina, de direito, de engenharia. Não que ele não possa optar por ter uma profissão que não exija tanta qualificação, todas as profissões devem ser valorizadas e nós queremos valorizar todos os profissionais, em todos os níveis, mas hoje ele não tem opção e, se trabalharmos muito e com seriedade, aí sim, poderão escolher a profissão que desejarem seguir. Fora isso, desculpem o que vou dizer, mas não passa de ficar contando estória, é politicagem e uma forma errada de fazer”, arrematou.

É POSSÍVEL

Provocado sobre ser mais fácil falar do que fazer, Marcelo, disse que se tiver a oportunidade mostrará que é possível sim e que irá fazer parcerias. “Ninguém faz nada sozinho e nós vamos chamar a população para fazer parte dessa luta. Nunca conseguiremos seguir isolados e não será comandando, mas liderando. Chamar as pessoas, trazendo a população para transformar a nossa cidade e vocês verão a transformação. Agora, para aqueles que estão satisfeitos com tudo que está aí, eu respeito, mas para os que querem o melhor para sua família, querem uma cidade diferenciada, querem dizer com orgulho que moram em Duque de Caxias, temos que vencer desafios. Nossa cidade diminuiu o número populacional exatamente pela péssima qualidade de vida, porque quem tem uma condição melhor, vai embora para bairros nobres fora da cidade. O nosso município é um dos raros, dentre os 92 do estado, que diminuiu a população”.

E concluiu: “A população tem a oportunidade de pesquisar a minha vida, a vida do Celso [do Alba] e confirmar que fazemos uma política diferenciada e voltada para a população, em todos os setores, seja segurança, saúde, educação, infraestrutura, e para todos, seja criança, jovem, adulto ou da terceira idade. Todos merecem nosso carinho e respeito”.