Mais médicos ou mais gestão?

No momento em que a presidente Dilma Rousseff anuncia uma nova leva de médicos importados para reforçar o programa “Mais Médicos” e a ex senadora Marina Silva inclui no seu programa de governo a transformação desse projeto em Programa de Governo, é hora dos candidatos a governador, às Assembleias, Câmara Federal e Senado, além dos presidenciáveis, demonstrarem um mínimo de preocupação com a saúde como problema urgente de Governo.

Os escândalos em torno do desvio de medicamento dos postos de saúde de estados e municípios para abastecer centros sociais de vereadores e quejandos, além da falta de pessoal para colocar em funcionamento hospitais e postos de saúde inaugurados às vésperas das eleições de 2010 e 2012, fazem crescer o número de processos na Justiça de pacientes que não conseguem fazer uma simples tomografia na rede publica, não resta sombra de dúvida de que não faltam recursos para a saúde. Faltam, na verdade, vergonha na cara de nossos governantes e de gestão eficiente à frente das unidades de saúde, seja o posto de saúde na periferia, seja nos grandes hospitais escolas das Universidades Públicas, como é o caso dos hospitais federais do Rio de Janeiro, onde os Ministérios da Saúde, que controla o SUS, e o da Educação, responsável pelas Universidades, disputam quem dever colocar o dinheiro do Tesouro na recuperação dessas unidades.

Está previsto para os próximos dias o lançamento de um livro, que deverá ser um sucesso nos programas do horário eleitoral, pois faz um Raio-X do Sistema Unico de Saúde. Escrito por um jovem médico que já passou pelo Hospital Municipal Souza Aguiar (Rio) e estadual Adão Pereira nunes (Saracuruna), o livro reúne, numa espécie de prontuário, depoimentos de médicos que, por temor do facão do Conselho Regional de Medicina, aceitam trabalhar em unidades sem o mínimo de condições de higiene e segurança, como era o caso do Hospital Duque de Caxias, às vésperas das eleição de 2008, quando foi fechado pelo Conselho Regional de Medicina porque nenhum médico da Prefeitura aceitou o encargo de ser Diretor Técnico daquele hospital, que começa a sair do coma induzido na próxima segunda-feira (8).

Por isso, deverá fazer furor o lançamento de um livro sobre os bastidores dos nossos hospitais e postos de saúde.  “Sob pressão - a rotina de guerra de um médico brasileiro” (Ed. Foz), é uma espécie de tomografia do que ocorre no dia a dia de profissionais, que lutaram para fazer um Curso de Medicina na expectativa de que iriam cumprir, com dedicação e eficiência, a promessa de Hipócrates: cuidar da saúde e preserva a vitalidade dos pacientes.

Seu autor, o cirurgião Marcelo Brandão, atualmente chefe do Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital das Força Aérea, no Galeão, contou, em entrevista publicada neste domingo (31) pelo jornal “O Globo”, a situação que enfrentou como socorrista do SAMU para conseguir internar um paciente em estado grave: “Cheguei a brigar com colegas quando chegava no hospital pedindo vagas. Eu sei que representava um problema para eles e a capacidade deles de resolvê-los estava esgota. Só consegui interná-lo por um favor pessoal. No final do dia, estávamos eu, minha equipe e os filhos do pacientes comemorando com um cachorro quente” contou o Dr. Márcio Maranhão.