Forum Permanente

Forum PermanenteGEIZA ROCHA é jornalista e secretária-geral do Fórum Permanente de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio de Janeiro Jornalista Roberto Marinho. www.querodiscutiromeuestado.rj.gov.br

Desafios olímpicos (parte 2)

Menos difundida do que as Olimpíadas, os Jogos Paraolímpícos, que o Rio de Janeiro sediará de 7 a 18 de setembro de 2016 se impõem como um desafio. E como todo desafio precisamos começar a planejar e estabelecer metas para que ele se transforme em oportunidade. Uma sugestão apresentada pelo presidente do Comitê Paraolímpico Brasileiro, Andrew Parsons, é transformar o Rio de Janeiro em referência como o melhor destino turístico do mundo para deficientes.

 

Criatividade: chave da economia

O século XXI já começou. Reconhecê-lo através de decisões políticas é um alento. A criação da Secretaria de Economia Criativa, pelo Ministério da Cultura, aponta para este sentido. Ao criar esta estrutura em nível federal, abre-se uma janela para reconhecer e mapear a cadeia produtiva desta indústria, que movimenta mais de R$ 380 bilhões no País (16,4% do PIB). Outra expectativa é que se replique nos Executivos estaduais o debate sobre a importância de buscar a sustentabilidade econômica dos projetos culturais, a partir do reconhecimento do impacto econômico que geram.

No estado do Rio, a Secretaria de Cultura lançou recentemente o edital Rio Criativo. Serão selecionados 28 projetos culturais para que sejam incubados por até 18 meses. Os dois núcleos, no Rio de Janeiro e em São João de Meriti, darão consultoria nas áreas jurídica, de elaboração de planos de negócios, planejamento estratégico, além de capacitação em empreendedorismo. Concorrem projetos de audiovisual, arquitetura e restauro, artesanato, artes cênicas, música, artes plásticas, cultura popular, TV, design, radio, gastronomia, jogos, moda, mercado editorial, educação, software aplicado à economia criativa, turismo, publicidade e eventos.

Como reconhece a própria ministra, os incentivos fiscais na área da cultura acabaram por criar uma distorção e uma dependência dos artistas. Em entrevista ela afirmou que a lei não permite um trabalho permanente: “os artistas vivem de elaborar “n” projetos para ver em qual edital vai emplacar. Uma exposição que vai durar um mês, o artista fica três em pré-produção, depois em pós-produção, fazendo aquilo render o máximo. Isso não é vida”, exemplifica.

Nosso País - e o Rio de Janeiro é a síntese disso - precisa aliar cultura e economia. Aqui, a chamada indústria criativa tem destaque na área do audiovisual, de artes visuais e software e emprega 2,4% dos trabalhadores formais do estado (82 mil pessoas). Além disso, somos os mais bem remunerados, com renda média 64% superior à média fluminense. A Economia Criativa pode crescer ainda mais se profissionalizada. Já estamos construindo caminhos para isso.

Desafios olímpicos (parte 1)

O Rio vai sediar, a partir deste ano, uma série de megaeventos que estão alavancando investimentos com potencial de solucionar gargalos que até então pareciam atávicos. Transportes, Logística, Habitação, Saneamento estão sendo incluídos na agenda governamental. Um setor fundamental, e que pode ser um grande acelerador deste processo, é o de tecnologia.

Recentemente o Fórum de Desenvolvimento do Rio, formado pela Alerj e mais 32 entidades e universidades, organizou seminário para debater o papel da tecnologia da informação no setor de transportes. A pergunta que motivou o debate é: como o Estado pode ir além de viabilizar cabos de fibra óptica e banda larga para os megaeventos e transformar as tecnologias implantadas em função dos jogos em legado consistente para atender demandas nas áreas de Educação, Transportes, Saúde e Segurança física e ambiental? É preciso planejar desde já para que estes sistemas estejam ao fim dos eventos prontos para responderem a este desafio.

Temos de aproveitar as oportunidades advindas do fato de o Rio de Janeiro estar sob os holofotes do mundo para que os investimentos se traduzam na real melhoria da nossa vida enquanto cidadãos. E mais: reconhecer que paralelamente a infraestrutura que inclui estradas, construção e reforma de prédios, pontes, viadutos, compra de vagões, construção de novas estações, dentre outras, há uma outra, invisível, e tão importante quanto, que é a infraestrutura de tecnologia da informação.

No que tange à mobilidade, as obras e os investimentos neste setor são de longo prazo e já começaram a ser feitos. É preciso, portanto, acompanhá-los, como é função do Legislativo, e mais do que isso, colaborar a partir do diálogo com a sociedade para que sejam entregues da melhor forma ao cidadão. Aos gestores cabe definir modelos, e isso tem que ser feito já, e ao mercado oferecer as melhores soluções, levando em conta nossas características. Temos uma oportunidade única de dar um salto de qualidade na informação gerada a partir da vida nas cidades. Mas precisamos saber o que queremos para que os ventos nos sejam favoráveis.

O futuro é hoje

A cidade do Rio de Janeiro entrou no mapa das cidades que vão fazer diferença na vida das pessoas no futuro próximo. O levantamento, realizado pela rede mundial de agências McCann Worldgroup, levou em conta 900 citações de cidades dos quatro cantos do mundo. São Paulo também foi escolhida, mas por motivos diferentes. O Rio ganhou pelas perspectivas que apresenta a partir da sua eleição para sediar as Olimpíadas.

Esta indicação representa um desafio não apenas para a cidade, mas para o estado. Quantas oportunidades de negócio não se abrem ou de extensão de roteiros turísticos, por exemplo, para as cidades vizinhas e até para as mais distantes? É a chance que temos de promover a verdadeira integração, melhorando as condições de vida das pessoas a partir da dinâmica econômica.

Neste círculo virtuoso, ao mesmo tempo que qualificamos o serviço da cidade do Rio, profissionalizando a gestão, o atendimento, melhorando o ambiente de negócios, vamos ampliando a rede de serviços demandados pela cidade. Oportunidade perfeita para a Região Metropolitana, que pode se transformar na fornecedora destes produtos e serviços, e também para as cidades mais distantes.

As obras do Porto Maravilha, por exemplo, contrataram fornecedores de Santo Antônio de Pádua, pólo de pedras ornamentais, para a compra de toda a pedra necessária ao projeto. E assim como este pólo, há outros que tem potencial de fornecer insumos e produtos espalhados por todo o estado.

É hora de prepararmos e adubarmos este terreno. Temos muitos desafios, mas hoje o grande diferencial é que há recursos disponíveis e projetos a serem executados e entregues à população num curtíssimo prazo. Não podemos perder a oportunidade de fazer deste futuro inspirador um presente de muito trabalho!

Futebol: oportunidades no turismo e serviços

A Copa do Mundo de 2014 já nasce diferente das demais. E, por isso mesmo desafia não só as cidades que irão sediar os jogos, mas também os estados e o País. Para começar, temos dimensões continentais e diferentemente das Copas que acontecem na Europa, alguém que se disponha a assistir todos os jogos, passará um tempo considerável nos aeroportos. A definição do que fazer neste tempo ocioso abre oportunidades enormes na área de Turismo e de serviços.

No País do futebol, além da adaptação de estádios e hotéis aos padrões internacionais, teremos pela frente a missão de ocupar este tempo entre um jogo e outro dos turistas e de democratizar a exibição dos jogos, permitindo que eles sejam desfrutados pela população nas praças e praias, nas chamadas “Fun Fests”. Temos tempo para planejar e alegria de sobra para fazer com que no Rio de Janeiro estes eventos virem modelo e exemplo para o mundo.

Para entreter os turistas que compraram seus ingressos entre um jogo e outro podemos levá-los a conhecer a diversidade de paisagens que possuímos em nosso território, criando roteiros que fujam do clássico Cristo Redentor-Orla-Corcovado. Podemos mostrar a beleza de nossas serras e cachoeiras, de nossa Região dos Lagos, da Costa Verde. E mais: proporcionar àqueles que não puderam comprar os ingressos a oportunidade para que assistam aos jogos e possam desfrutar do clima que mobiliza tantos brasileiros nestas cidades.

Numa entrevista concedida ao programa Rio em Foco, exibido todas as segundas-feiras às 22h na TV Alerj e disponível no site www.rioemfoco.rj.gov.br, o advogado Pedro Trengrouse, especialista em Direito Desportivo, alerta que, além da oportunidade econômica, organizar estas “Fun Fests” é uma questão de segurança pública. Afinal, bate no coração de cada brasileiro a paixão pelo futebol e seria impossível privá-los de desfrutá-la no seu próprio território. Temos tempo. Vamos à luta!

Alerta máximo

Quando ocorre uma catástrofe natural como a que vitimou as cidades da região serrana há um fator que sempre impressiona: a capacidade de mobilização da população para ajudar. Na mesma velocidade em que chegavam as informações sobre a tragédia, recebi uma série de e-mails e apelos via rede social com pedidos de doações. Órgãos públicos montaram postos de coleta. Pessoas que possuem casa na serra e subiram para ajudar amigos e parentes também encheram seus carros. Apesar de as chuvas estarem dificultando os resgates, quem consegue estabelecer comunicação com algum destes pontos posta pedidos de ajuda no facebook e twitter.

Esta rede de solidariedade, tão importante para amparar as pessoas que viram seus pertences sumirem na lama, suas casas serem destruídas e parentes desaparecerem na fúria das águas, traz esperança, mas, sobretudo, lança um alerta: o tão falado aquecimento global vai tornar estes eventos cada vez mais constantes. E as piores consequências destas catástrofes irão sempre recair sobre os mais pobres.

Por isso, é preciso criar também uma rede de informação que seja capaz de avisar em tempo as pessoas sobre a gravidade das chuvas. Em Areal, por exemplo, muitas mortes foram evitadas porque as pessoas saíram de suas casas localizadas às margens do rio. Ainda que a descrença vitime alguns, dar a chance de as pessoas se salvarem é dever do poder público. Outro ponto fundamental é atuar na prevenção. Dragar rios e canais, monitorar as encostas e remover ocupações irregulares, tudo isso ajuda a diminuir o numero de mortos.

Precisamos nos preparar. E investir fortemente para minimizar os impactos, quando possível. É impossível conter a força da natureza. Mas somos inteligentes e devemos estar preparados para responder a eles protegendo a população e reduzindo os riscos. O Fórum de Desenvolvimento do Rio está atento a esta agenda. Os grandes investimentos em infraestrutura que estão em curso podem contribuir para resolver problemas históricos. É preciso, assim que a lama baixar, começar a tirá-los do papel. Não há mais tempo. Nossa única opção é agir.

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