Secretário de Duque de Caxias preso em processo da Lava Jato

A Polícia Federal (PF) prendeu o secretário especial - chefe de gabinete - do prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis (PMDB), Henrique Alberto Santos Ribeiro, e outros quatro suspeitos de corrupção. A operação ocorreu na manhã do último dia 23 e foi mais uma fase da operação Lava Jato no Rio de Janeiro e foi batizada como C'est Fini, que em francês significa "é o fim". Henrique Alberto foi nomeado por Washington Reis para a Prefeitura de Duque de Caxias no dia 9 de janeiro pela portaria nº 632/2017, fazendo jus a um salário de R$ 15.925,00. A prefeitura não se manifestou sobre a prisão do secretário.

O nome da operação C’est Fini seria uma alusão ao fim da Farra dos Guardanapos, como ficou conhecido um jantar em Paris do qual participaram ex-secretários do Rio, empresários e o ex-governador Sérgio Cabral. Em fotos tiradas durante o jantar, eles usavam guardanapos na cabeça. Henrique foi diretor do DER-Departamento de Estradas de Rodagem no governo de Sérgio Cabral, já condenado em três processo, somando mais de 70 anos de prisão. Os mandados são de prisão preventiva, que não tem prazo de liberação. Os agentes também cumpriram mandados de busca e apreensão e de condução coercitiva - quando a pessoa é levada para depor.

Os outros presos na operação do dia 23 são: Régis Fichtner (ex-chefe da Casa Civil do governo Cabral), Georges Sadala (sócio de uma das empresas que administravam o Rio Poupa Tempo), Maciste Granha de Mello Filho (presidente da empresa Construtora Macadame Ltda) e Lineu Castilho Marins, indicado por Henrique Ribeiro, para diversos cargos no DER.

O empresário Alexandre Accioly, que seria dono de uma rede de academias em sociedade com o apresentador de televisão Luciano Huck, foi intimado a depor na Polícia Federal. Henrique Alberto Santos Ribeiro, segundo a denúncia, era responsável por recolher vantagens indevidas para assegurar o pagamento de propina para agentes políticos. Ele atuava junto às construtoras e empreiteiras e repassava os valores aos integrantes da organização criminosa chefiada por Sérgio Cabral. Em abril último, Henrique foi testemunha de defesa de Cabral. Ele disse, na época, que não tinha conhecimento do recebimento de vantagem econômica indevida em obras.

O fundador da empreiteira Delta, Fernando Cavendish, foi levado pelos agentes da PF para prestar depoimento na operação. Ele estava em casa, em um prédio da Avenida Delfim Moreira, no Leblon, e saiu pouco depois das 6h em direção à PF. A defesa de Cavendish disse que o cliente não vai comentar sobre a condução coercitiva. O empresário também aparece nas fotos da Farra dos Guardanapos e já é réu na Lava Jato. O empresário foi preso em julho de 2016 na Operação Saqueador e desde agosto do ano passado está em prisão domiciliar.

A Delta era uma das principais construtoras do Rio e do Brasil durante a gestão de Cabral. Em agosto desse ano, Cavendish prestou depoimento ao juiz Marcelo Bretas e admitiu que pagou 5% de propina em dinheiro ao ex-governador para que a Delta participasse da reforma do Maracanã. Foi a Delta também responsável pela construção do Hospital Municipal Dr. Moacyr Rodrigues do Carmo e do Mergulhão no centro de Duque de Caxias, entre outras obras.