Comissão da Alerj debate atuação das Forças de Segurança em megaeventos na Cidade do Rio

Polícia Civil diz em audiência pública na Alerj que investiga ação orquestrada por meio de arrastões no evento na praia de Copacabana, que aconteceu no último mês de agosto

Autoridades de Segurança Pública, deputados e moradores dos bairros da Zona Sul da cidade do Rio discutiram, em audiência pública que aconteceu nesta segunda-feira (04/09), a realização de megaeventos na cidade e a atuação das forças de segurança durante show na praia de Copacabana no final do mês de julho passado.

O debate foi promovido pela Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), no Plenário da sede do Parlamento.

“Por mais que os moradores queiram a fomentação do turismo e do empreendedorismo, eles não querem a desordem e a balbúrdia. Cabe também parabenizar o trabalho da Polícia Civil, da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil. Se não fossem eles, a situação ficaria muito mais difícil e complexa, um transtorno gigantesco”, comentou o deputado Márcio Gualberto (PL), presidente da Comissão de Segurança da Alerj, ao abrir a audiência.

Milhares de pessoas acompanharam o show na praia mesmo sob chuva, e durante o evento foram registrados diversos casos de tumulto e furtos. Ao todo, 500 suspeitos acabaram sendo levados à delegacia. De acordo com Gabriel Ferrano, delegado da 19ª DP, da Secretaria de Estado de Polícia Civil, a instituição está investigando a possibilidade de atuação orquestrada de grupos criminosos.

“Nós sabemos de todas as mazelas que geralmente acontecem em eventos deste porte, mas esse teve alguns contornos atípicos que nos chamaram a atenção. Havia algo indicando um planejamento”, comentou Ferrano.

Dentre os indícios, o policial elencou que diversas pessoas foram vistas com a mesma vestimenta (o que dificulta a identificação daqueles que cometiam os crimes), que diversos roubos aconteceram em diferentes pontos da orla, que grupos criminosos foram convocados previamente nas redes sociais, e que um “volume excessivo e anormal” de suspeitos foram conduzidos à delegacia.

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Novos protocolos de atuação

O delegado explicou que novos protocolos serão adotados em eventos futuros que reúnam grande público, dentre eles a expansão da análise de ocorrências para todas as delegacias da Zona Sul, a intensificação das ações de inteligência com policiais camuflados, interrogatório de envolvidos e o investimento em publicidade para divulgação das plataformas on-line de atendimento.

“Houve um fenômeno diferente e a gente está se debruçando sobre isso, investigando e entendendo esse novo fenômeno que apareceu, para criar uma nova dinâmica nos próximos eventos”, complementou o subsecretário operacional da Secretaria de Estado de Polícia Militar (PMERJ), coronel Rogério Lobasso.

Lobasso também destacou o trabalho integrado das policiais civil e militar antes e durante a realização do evento.

“Eu nunca vivi um momento tão bom de harmonia e integração entre as policiais. O planejamento foi muito bem discutido e o número de efetivo escalado foi bastante considerável”, disse, citando que 1,2 mil agentes fardados foram escalados, além de dezenas de polícias infiltrados na multidão. “Colocamos barreiras de contenção para fazer revistas e apreendemos mais de 150 objetos cortantes como facas, tesouras e estiletes”, completou.

Durante a audiência, os parlamentares da Comissão de Segurança e membros da sociedade civil destacaram de forma positiva a atuação dos policiais, guardas municipais e bombeiros durante o megashow.

“As nossas forças de segurança tiveram um papel importante para que esse evento não se tornasse um mal maior. A preparação para aquele evento, a organização e as investigações foram conduzidas para que a população não tivesse um transtorno ainda maior”, disse o deputado Tande Vieira (PP), que solicitou a realização da audiência.

“Nós sabemos que principalmente a Polícia Militar recebe muita crítica, mas a gente reconhece que ela é a melhor polícia até pelos meios que tem pra trabalhar - que são inexistentes e não escassos. Queria falar do trabalho da Polícia Civil que, com inteligência, desvendou uma articulação desses marginais para cometer delitos e aterrorizar a população”, reforçou o deputado Filipe Poubel (PL).

“São instituições que realmente representaram o nosso Estado. As polícias e os bombeiros fizeram um excelente trabalho, mas precisamos de mais. Eu defendo que quem tem que legislar a questão penal somos nós, deputados estaduais, porque conhecemos a realidade dos senhores e de seus familiares”, acrescentou o deputado Marcelo Dino (União).

“Foi um trabalho irretocável, não só de inteligência, mas também de ação na ponta, o que acabou naquela cena, que rodou o mundo, com mais de 500 marginais que ali aterrorizavam o bairro de Copacabana”, completou o deputado Rodrigo Amorim (PTB).

Legenda: “Eu defendo que quem tem que legislar a questão penal somos nós, deputados estaduais, porque conhecemos a realidade dos senhores e de seus familiares”, deputado Marcelo Dino (União) durante a audiência pública.