CPT abre inscrições gratuitas para curso de teatro em Duque de Caxias

CPT abre inscrições gratuitas para CPT DivulgaçãoO Centro de Pesquisas Teatrais de Duque de Caxias-CPT/DC abrirá no dia 3 de fevereiro as inscrições para mais um curso de iniciação teatral.

O curso, realizado tradicionalmente todos os anos, é ministrado gratuitamente para crianças (6 a 12 anos), adolescentes (13 a 17) e adultos (maiores de 18). Elas poderão ser feitas de segunda a sexta-feira das 10h às 17h no Teatro Municipal Armando Mello (TEMAM), na rua Frei Fidelis s/nº, no Shopping Center.

O fundador e diretor do CPT, Guedes Ferraz informa que as vagas para crianças são limitadas. Já para adolescentes e adultos, o processo seletivo será feito em etapas (entrevista, avaliação de leitura, redação e teste de palco, com apresentação mínima de três minutos). As inscrições ficarão abertas até o final do mês. O telefone de contato é 2671-3056

O curso reúne todos os anos mais de 150 alunos. Os alunos que concluírem o curso, que acontece ao longo do ano, apresentarão, ao final, espetáculos montados por eles próprios. As apresentações são públicas e realizadas no palco do TEMAM. 

PIONEIRISMO

Com a inauguração do Teatro Municipal Raul Cortez, em setembro de 2006, o Teatro Municipal Armando Mello passou a funcionar como oficina de artes cênicas. Ele era, até então, o único espaço público em funcionamento no município desde 1968, quando foi inaugurado oficialmente pelo então prefeito Moacyr Rodrigues do Carmo, que havia assumido na campanha compromisso com a classe artística e intelectual do município. Até a cidade virar “área de segurança nacional” em 1971 por força do regime militar vigente, o TEMAM funcionou como um dos grandes palcos democráticos na Baixada Fluminense, apresentando textos inovadores para a época e peças de humor irreverente de vários autores de expressão.

Na prática, o TEMAM ia além de sua função como teatro, pois já era uma grande oficina de formação de novos atores e autores. Foi de seu palco que decolou para conquistar um Prêmio Molière, da Air France, o Grupo TAL-Teatro de Abertura Lúdica, em 1977, com a peça “Sacos & Canudos”, de Dediores Demrós. Até hoje, foi o único grupo em toda a Baixada Fluminense que conquistou o cobiçado prêmio, sempre disputado por grandes nomes do teatro nacional.

Nas décadas seguinte, com governos locais nomeados pelo regime militar em substituição ao processo eleitoral, o TEMAM foi deixado à própria sorte e sobreviveu graças ao esforço da classe artística da cidade. Somente em 2011 foi passar por uma reforma, com sua capacidade ampliada de 80 para 100 lugares, ar condicionado e novas poltronas. Na época, mesmo sendo teatro escola, o espaço também era utilizado para apresentar ao público outros projetos importantes, entre eles o “Música ao Meio Dia”, “Som das Quartas”, “Teatro às Quintas” e “Sextas Especiais”, todos com acesso gratuito para o público.

HOMENAGEM

 

Armando Mello, batizado como José Agostinho dos Santos, era engajado com o movimento artístico-cultural, pioneiro do teatro em Duque de Caxias. Seus pais, de uma família privilegiada que vivia na Zona Sul do Rio de Janeiro, não aceitavam sua escolha pelo mundo artístico e a carreira de ator, profissão para os chamados “vagabundos”, como eram vistos os artistas no século passado. Mesmo assim, não perdeu de vista seus ideais e o compromisso com as questões populares.

Armando Mello chegou a Duque de Caxias com o Circo Dudu, armado nas proximidades da atual Praça da Emancipação, nos anos 40. O Circo se foi e ele acabou ficando na cidade. No princípio, não tinha residência fixa e nem trabalho certo, mas foi criando fortes raízes na cidade. Até que veio conhecer Waldir Marx, proprietário do Forte Tupinambá, a maior loja de roupas e produtos para o lar da época. O empresário era um amante da cultura e como tal desenvolvia muitos projetos na área. Passaram a produzir juntos inúmeros projetos culturais e artísticos. Ao mesmo tempo trabalhava como Fiscal do Ministério do Trabalho, conseguido pelo veterano jornalista Silvio Goulart, que dirigia o órgão no município.

            Armando Mello fundou o Teatro Moderno Caxiense (TMC), movimento que impulsionou as artes cênicas no município durante os anos 60 e foi criador de grupos, utilizando espaços como o Esporte Clube Gramacho. A iniciativa foi de grande aceitação e estimulou o surgimento de vários outros grupos como o Teatro Amador do Clube dos 500, Teatro Amador do Clube Oriental e do Clube Aliança, entre iniúmeros outros. Dirigiu peças, entre elas “Morre um gato na China” e “Eles não usam black-tie”. Chegou até a dirigir a primeira novela na Rádio Difusora.

A última peça por ele dirigida foi “Três homens e uma mulher”, de Jean Paul Sartre, em 1967, ano em que veio a falecer, vítima de câncer, dias antes da inauguração do teatro que viria a homenageá-lo com seu nome.

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