Anistia cobra solução completa do caso Marielle

800 mil assinaturas foram entregues ao governo do Rio

Anistia Internacional cobra SCERJ Carlos MagnoA organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional entregou na manhã de quarta-feira (13), ao governador do estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, 18 caixas contendo 800 mil assinaturas cobrando uma solução completa do assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, cuja execução completou um ano ontem (14). Na reunião com o governador, esteve também a mãe de Marielle, Marinete da Silva. Representando a Anistia Internacional Brasil e Estados Unidos estiveram presentes as diretoras-executivas Jurema Werneck e Margaret Huang.

 

Antes da entrega das assinaturas, colhidas em todo o mundo, a Anistia Internacional fez um ato em frente ao Palácio. A diretora da entidade no Brasil, Jurema Werneck, explicou que, apesar da prisão, no último dia 12, de dois acusados de terem executado o crime, ainda existem muitas perguntas a serem respondidas sobre o caso.

- Vemos com bons olhos o primeiro passo dado, com a apresentação dos suspeitos de terem matado Marielle. No entanto, nós estamos aqui para dizer que existem muitas outras perguntas sem resposta. É preciso que as investigações continuem e respondam quem mandou matar e respondam uma série de informações que se traduzem em situações preocupantes - disse Jurema. A ativista citou a suspeita de que a arma usada no crime tenha sido extraviada da Polícia Civil e a munição da Polícia Federal, além das notícias de interferência indevida nas investigações e a participação de agentes do Estado.

COMPROMISSO

No encontro, no Palácio Guanabara, Witzel reiterou o compromisso do Governo do Estado com a segunda fase do caso, que, a partir de agora, investigará as motivações e o possível mandante do crime.   “A Secretaria de Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro estão empregando todos os esforços neste caso. Asseguro a todos que vamos seguir trabalhando para que tudo seja esclarecido. Temos uma polícia altamente capacitada e independente, que se utilizou de técnicas modernas de investigação na primeira fase e continuará da mesma forma na segunda etapa”, afirmou.

 Marinete Silva, mãe de Marielle, disse se sentir mais segura após a reunião com o governador e ouvir a garantia do prosseguimento do caso. “Foi uma honra ter sido recebida pelo governador e ouvir dele o compromisso com a segunda etapa da investigação”, declarou a mãe da vereadora assassinada. “Precisamos de uma resposta positiva sobre quem mais está por trás, porque os presos não teriam motivo para cometer o crime da maneira que foi. Então não tem como parar por aqui. O Estado precisa dar uma resposta melhor para a família”, acrescentou

Wilson Witzel também falou sobre a iniciativa do governo de ter criado o Conselho de Segurança pela primeira vez no Rio de Janeiro. E, aproveitou para convidar a Anistia Internacional a participar das reuniões do órgão.

COMISSÃO

A Anistia Internacional quer também que uma comissão independente acompanhe a apuração do caso. “Um mecanismo independente, feito de juristas e investigadores criminais sem qualquer vínculo com as polícias ou com o Estado brasileiro, que eles possam vir aqui e atestar para todos nós, para a Anistia Internacional, para a família de Marielle e de Anderson, para a sociedade do Brasil e do mundo, que tudo foi feito corretamente e os verdadeiros culpados sejam levados à Justiça”.

Anistia Internacional cobra ABrl Tomaz SilvaCinco pessoas estiveram na Delegacia de Homicídios da capital (DH), no Rio, para prestar depoimentos na investigação sobre os assassinatos da vereadora e do motorista. Entre eles estavam dois policiais militares, um bombeiro e dois empresários. Quatro deles foram levados à DH por policiais civis que cumpriram terça-feira (13), 16 mandados de busca e apreensão. O quinto depoente chegou sozinho à delegacia. Não há mandado de condução coercitiva contra eles, portanto os cinco foram à delegacia de forma espontânea. Eles foram ouvidos por terem alguma relação com os dois acusados de cometerem os homicídios: o PM reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Queiroz. Os dois foram presos no dia anterior