Câmara de Caxias vai homenagear vereador preso acusado de crimes

 

Uma notícia surpreendeu o meio político e eleitores de Duque de Caxias na semana passada, o que provavelmente vai causar um grande estrago à imagem do Poder Legislativo da cidade. Através de uma resolução assinada pelo presidente Dalmar Lírio Mazinho de Almeida Filho, a Câmara outorga o Título Honorário Benemérito da Comunidade ao Exmo. Sr. Vereador Jonas Gonçalves da Silva, conhecido como Jonas É Nós. A Câmara não explicou, porém, o motivo de tal homenagem.

 

A Resolução data do dia 27 de dezembro de 2010, portanto seis dias depois que o vereador foi preso com inúmeras outras pessoas sob acusação de vários crimes.

 

Esta parece ser a primeira vez na história que o Legislativo presta homenagem a um de seus membros, quando o que se faz é justamente o contrário: os vereadores é que tem o hábito de homenagear eleitores e autoridades de outros Poderes. Agora, não se sabe por quais motivos, a homenagem foi direcionada para dentro do Legislativo e, o mais surpreendente, é o fato de o homenageado receber tal honraria após sua prisão. A resolução foi tornada pública com o fim do recesso parlamentar, no dia 1º de fevereiro. A Câmara, porém, não explica como fará a entrega do tal Título ao parlamentar.

Parlamentares continuam presos- Como policial militar reformado, o vereador Jonas É Nós ainda se encontra preso em uma unidade militar especial, uma vez que seu advogado não obteve êxito no pedido de relaxamento da prisão feito ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro e ao Superior Tribunal de Justiça, em Brasília, conforme informou com exclusividade o Capital em sua última edição. O mesmo acontece com Chiquinho Grandão.

Os dois foram presos no dia 21 de dezembro sob acusação de vários crimes, depois de uma investigação que durou cerca de seis meses. A operação “Capa Preta” mobilizou mais de 200 policiais e foi comandada pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (DRACO/IE) e contou com a participação de várias especializadas. Segundo a Polícia Civil, os dois vereadores seriam os chefes da milícia em Duque de Caxias, coordenando grupos de extermínio, centrais clandestinas de TV a cabo e controle do transporte de vans na região, entre outros crimes.

O delegado adjunto da DRACO-IE, Alexandre Capote, disse com exclusividade ao Capital na semana passada, através da assessoria de imprensa da Secretaria de Polícia Civil, que não houve pedido de renovação da prisão porque “sua natureza é preventiva”.

Segundo ele, os dois vereadores e os demais presos “foram formalmente acusados mediante denúncia oferecida pelo Ministério Público Estadual”. O delegado explicou que os que são militares “encontram-se sob custódia de suas respectivas instituições e os civis foram encaminhados a penitenciárias”. Quanto a possível transferência dos mesmos para presídios de segurança máxima, Alexandre Capote não se manifestou, pois “tal decisão caberá ao juízo criminal competente”.

C MARA NÃO TEM COMISSÃO DE ÉTICA - O Poder Legislativo realizou na quinta-feira (3) a primeira sessão do ano. Entre outros assuntos discutidos, foi constituída a Comissão que vai analisar o caso da prisão dos dois vereadores presos no dia 21 de dezembro: Jonas É Nós e Chiquinho Grandão. A criação da nova Comissão foi um atalho para contornar a ausência de uma Comissão de Ética regulamentada na Câmara de Duque de Caxias, o que contraria regra comum em outras casas.