Banco Central vai criar cotas para Crédito

O novo presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, acaba de lançar um balão de ensaio: a adoção de cotas raciais para a concessão de crédito. Em entrevista na semana passada, Tombini afirmou, do alto do seu cargo, que "há resistências tanto à inclusão bancária quanto na questão do tratamento do cliente bancário", afirmando que a inclusão financeira, "com qualidade e eficiência", será uma das prioridades do BC para reduzir as desigualdades sociais. A ampliação do crédito consignado no Governo Lula, por exemplo, não tinha como foco a abertura do mercado bancário, mas garantir aos bancos um filão inesgotável, pois os bancos, apesar do baixo índice de inadimplência - o devedor recebe o seu salário ou pensão com a prestação já descontada pelo seu empregador - continuam cobrando juros acima dos 2 % ao mês, enquanto para o financiamento de automóveis alguns financeiras, vinculadas às montadores, continuem prometendo Taxa Zero. Não é por outra razão que os bancos registraram os maiores lucros, superior inclusive às maiores multinacionais aqui instaladas.

Perguntado se um dos focos de resistência à ampliação da bancarização estaria nas altas taxas cobradas pelos bancos, Tombini lembrou que, em 2007, foi feita uma grande reforma que elevou o nível de transparência e unificou a nomenclatura dos serviços bancários, seguida pela regulamentação das tarifas de cartão de crédito, no fim do ano passado. "Melhoramos a capacidade dos custos de serviços, com barateamento das tarifa", disse. Agora, o BC está estudando a adoção de medidas de regulação para possibilitar maior absorção, pelo sistema financeiro, de jovens que chegam ao mercado de trabalho e das populações de menor renda que ascendem social e economicamente.

Outro dado discutível divulgado pelo BC para justificar a melhoria da atuação do sistema no País durante o Governo Lula,é o fato de hoje todos os 5.564 municípios tem uma agência bancária, cujo total supera a casa dos 20 mil, com apoio de 150 mil correspondentes bancários. O que o Presidente do BC não contou é que essa expansão da rede bancária atendeu mais aos interesses do sistema financeiro do que do cidadão comum, aquele que sofre nas filas dos bancos para sacar o bolsa família, o auxílio desemprego, a aposentadoria e pensões porque o Governo permitiu que os bancos terceirizasse mais de 80% dos seus serviços. Hoje, com exceção dos Caixas e Gerentes e analistas de créditos, o grosso dos funcionários integram outras categorias, com salários mais baixos, como é o caso dos seguranças, dos transportadores de valores e pessoal de apoio que atua nos diversos setores das agências por todo o País.

Depois das cotas raciais na educação e, a partir de fevereiro, nos cursos para o Itamaraty, parece que, para não ficar para trás no quesito "inventividade" no Governo Dilma Rousseff, o BC resolveu criar cotas raciais ou sociais para empréstimos bancários. Será que os banqueiros vão topar essa medida "curandeira"?