O futuro da política nacional passando por Duque de Caxias

Passado o concorrido primeiro turno que marcou uma das eleições mais disputadas da história de Duque de Caxias, um segundo embate mais direto se confirmou, deixando de lado (ao menos por alguns anos) uma das figuras mais emblemáticas da política fluminense nas últimas décadas, o Prefeito Zito. Neste embate a se definir no próximo dia 28 de outubro, estão dois nomes que num primeiro momento poderiam representar (seja lá qual for o vencedor) uma vitória absoluta do governador do Rio, Sérgio Cabral. Afinal, Alexandre Cardoso (PSB) era Secretário de Estado de Ciência e Tecnologia e Washington Reis (PMDB), um fiel aliado de Cabral. Mas, a frase do ex-governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto, nunca foi e permanecerá tão pertinente: “A política é como uma nuvem. Você olha e ela está de um jeito e depois olha de novo e ela já mudou”.

E essa mudança se deu logo no início do processo, com a entrada no cenário caxiense do senador Lindberg Farias (PT), como principal estrela da campanha de Alexandre Cardoso. Lindberg é a única “pedra no sapato” para os planos políticos de Cabral, que sonha eleger Pezão como seu sucessor e alinhar-se como vice na chapa da presidenta Dilma em 2014. O seu principal aliado no projeto e prefeito do Rio, Eduardo Paes, deixou “escapar de propósito” os planos de Cabral e antes disso, mostrou estar comprometido com o projeto que também é de seu interesse. Afinal, caso seja eleito, Pezão só governaria por um mandato e cederia o outro para Eduardo Paes ser o governador, após as Olímpiadas do Rio. Paes entregou de bandeja a vice-prefeitura para um petista, Adilson Pires, para garantir a aliança nacional PT - PMDB.

Na última semana, um desencadear de fatos colocou este projeto político em risco. A presidenta Dilma e o maior cacique do PT, o ex-presidente Lula, colocaram panos quentes no mal estar interno do PMDB deflagrado por Eduardo Paes, que ao indicar o nome de Cabral para ser o vice de Dilma em 2014, desagradou o atual vice do mesmo partido, Michel Temer. Na pior das hipóteses, deve sobrar um ministério de peso para o atual governador do Rio. Fala-se em Minas e Energia.

Aproveitando-se do mal entendido, entrou em cena o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que é presidente nacional do PSB de Alexandre Cardoso. Segundo palavras do próprio Campos, ganhar a prefeitura de Caxias é uma questão de honra para as pretenções nacionais do partido. Além disso, abriu as portas da legenda para Lindberg ser candidato ao governo do estado, caso o PT mantenha o apoio a Pezão. Apesar de ser aliado do governo Dilma, o PSB foi o partido que mais aumentou seu número de prefeitos em cidades espalhadas por todo o país e vislumbra um plano político que pode transformá-lo no principal partido de oposição no país, roubando o lugar que hoje é do PSDB, que por sua vez mostra-se cada vez mais fragilizado e se agarra a eleição de Serra para a prefeitura de São Paulo como última esperança de sobreviver quanto oposição.

Cabral já deu resposta em comício ao lado de Washington Reis, na mesma Duque de Caxias que hoje também passou a ser questão de honra para seu projeto. Disse em alto e bom som que Eduardo Campos é inimigo “número um” do Rio na questão da redistribuição dos royaties do petróleo. Assim, o futuro da política nacional e estadual vai passando aos nossos olhos em Duque de Caxias.