O poder da carteira assinada

Somente nos cinco primeiros meses deste ano foram abertas 1,171 milhão de vagas com carteira assinada no Brasil. A cada mês, o mercado de trabalho bate recordes históricos na criação de empregos formais. Desde janeiro do ano passado, essas vagas ultrapassaram o número de pessoas que atuavam na informalidade, dados que revelam a grande mudança social experimentada pelo Brasil nos últimos anos.

O que os números do Cadastro Geral de Empregos divulgados pelo Ministério do Trabalho nem sempre revelam é o quanto essa nova realidade significa para a vida dessas milhões de pessoas. A melhora da autoestima e a alegria de poder participar com altivez da sociedade na qual vivemos é, certamente, uma consequência imediata. Afinal, todo ser humano sonha em poder trabalhar, receber uma remuneração digna no fim do mês e viver com tranquilidade, sem turbulências.

A carteira assinada pode representar o início da realização deste sonho. É por isso que os benefícios da formalização atraem trabalhadores, que muitas vezes trocam uma remuneração maior por um emprego formal. As perspectivas de ascensão futura na empresa, aliadas ao acesso aos direitos trabalhistas como férias, décimo terceiro salários e FGTS, são itens que certamente ajudam a planejar melhor suas vidas e a enfrentar as intempéries no meio do caminho.

No mês passado, reportagem do ‘Estado de São Paulo’ contou a história de Claudia Dias de Araujo da Silva. Ela trocou uma remuneração maior como diarista por uma vaga de faxineira numa empresa de limpeza.  Ao mudar de emprego, Claudia conseguiu ascender de faxineira a copeira, mas acabou perdendo o emprego. Porém, ela conta que a experiência em carteira ajudou e não ficou desempregada nem três meses. Hoje, é promotora de vendas em um supermercado e está se qualificando para voltar a procurar outra vaga com o salário melhor.

Outro personagem cheio de coragem e disposição para vencer na vida que apareceu na mesma reportagem foi o pedreiro Jonas da Silva, que também quis deixar para trás os oito anos como autônomo da construção civil. Ao ver a economia crescendo e a profusão de investimentos no Rio, matriculou-se em um curso de soldador oferecido pelo Senai durante a madrugada. O objetivo dele é, até o fim do curso, de cerca de três meses, estar empregado na indústria.

Há milhões de Jonas e Claudias vivendo situação semelhante. A história deles é inspiradora também para quem já está empregado, qualquer que seja a posição que ocupe. Estar bem informando, qualificado e, principalmente, disposto a progredir pessoal e profissionalmente, é a lição que os dois oferecem. E o sucesso nesta empreitada poderá estar muito bem registrado na carteira azul de cada trabalhador inserido no mercado formal de trabalho.