Melhor educar

Nos últimos dias, os meios de comunicação estamparam a notícia inquietante de que o endividamento das famílias brasileiras é o maior em sete anos. Mais que dobrou nesse período. A imprensa divulgou que as dívidas estão consumindo quase 43% do que o brasileiro ganha em 12 meses.

O aumento da oferta de crédito e descuido nas contas seriam os grandes violões que assombram com a inadimplência das famílias brasileiras, especialmente da classe média. Essas informações, é claro, preocupam, mas ainda não podemos dizer que a inadimplência está fora de controle. Ainda estamos dentro do administrável. E mais, em termos absolutos vemos que, de fato, o maior número de brasileiros que toma crédito está na classe média, pois lá está a maioria da população. Entretanto, examinando em termos de volume de crédito, constataremos que a maior concentração não estará nesse segmento.

Além disso, é preciso aguardar para ver se não haverá reação e se as famílias não passarão a exibir postura mais conservadora em relação ao crédito e ao consumo. O que não se pode, claro, é ignorar os fatos e deixar de buscar formas para evitar danos maiores. Para começar, precisamos identificar melhor os segmentos sociais mais sensíveis ao fenômeno do endividamento. Por isso é importante conceituarmos bem cada grupo das classes sociais brasileiras, identificando suas expectativas, necessidades e demandas, especialmente para fundamentar políticas públicas.

Em agosto, começaremos na SAE uma série de análises com material de que já dispomos e com novas pesquisas, quantitativas e qualitativas, para melhor entender os anseios, comportamentos e padrões da nova classe média, que acabamos de conceituar. Então estaremos instrumentalizados para propor políticas de proteção a este segmento da sociedade.

Enquanto isso, também trabalhamos com o Banco Central sobre uma campanha que ajude o consumidor a entender os conflitos embutidos no microcrédito, porque há dois caminhos: ou fazemos o esforço de informação ou reprimimos. Considero muito mais democrático e produtivo a opção da informação, da educação e da instrumentalização.