Mudança e movimento

Promover transformações não é tarefa fácil. Meros mortais e grandes líderes mundiais se deparam diariamente com desafios que podem promover a mudança da realidade. É a escolha sobre a forma de enfrentar esses desafios que faz toda a diferença no resultado final. Alguns estudiosos separam esses desafios em três tipos: os complexos, os técnicos, e os adaptativos. No desafio técnico, já há o conhecimento do problema, e as formas de enfrentá-lo já foram testadas. O esforço deve ser direcionado para a implementação dessas soluções. No desafio complexo, há um conhecimento das boas práticas e soluções, mas o número de atores que precisam interagir para solucionar os problemas é maior.

Já os desafios adaptativos não possuem um "mapa". A origem do problema e as soluções eficazes para resolvê-lo precisam ser construídas a partir de um processo de mobilização dos atores envolvidos, escuta ativa e conhecimento apurado (é preciso gastar tempo no diagnóstico) e principalmente a análise permanente dos passos dados e dos avanços realizados.

Há inúmeros desafios adaptativos a serem enfrentados no País. Conhecer esse método de análise dos problemas ajuda a não gastarmos energia demais para resolver desafios técnicos e nem perder de vista os atores que precisam estar envolvidos no enfrentamento e na solução dos desafios adaptativos.

No Fórum Permanente de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio de Janeiro, criado pela ALERJ há onze anos, nos deparamos diariamente com desafios adaptativos. E o fato de a organização já reunir atores de diversas frentes e com conhecimentos tão distintos nos ajuda a trabalhar e apresentar soluções que de outra forma nunca surgiriam. Cito como exemplo a Lei Estadual de Inovação Tecnológica, criada para aproximar o setor produtivo das universidades e acelerar o processo de inovação. No debate dessa lei, conseguimos reunir representantes de inúmeros centros de pesquisa, do setor produtivo e criar uma lei que permitiu uma série de avanços, principalmente no em relação ao conhecimento por parte dos empresários dos caminhos para ele inovar.

Cinco anos após a sua entrada em vigor, o Fórum avaliou a lei e seus efeitos e a principal demanda surgida foi a necessidade de reunir o Conselho Estadual de Ciência e

Tecnologia, criado pela lei. A visão do grupo é que a partir da interação dos diversos atores, o estado do Rio de Janeiro ganharia ao poder contar com políticas mais eficazes de reforço do processo de inovação. É da reunião de pessoas em torno de uma percepção comum dos problemas que emergem as mudanças mais efetivas. Essa é a nossa sugestão.