O gigante acordou?

Muitas análises estão sendo feitas da onda de protestos que tomou o Brasil nas últimas semanas. Neste artigo vou me deter à relação entre o coletivo e o individual. Coletivamente o Brasil está mostrando sua insatisfação. Individualmente os cartazes empunhados pelos manifestantes apontam a diversidade de temas pelas quais os cidadãos estão ali, o que torna a resposta aos manifestantes sempre incompleta e tardia por parte dos governos.

Alguns teóricos vem há tempos falando sobre a lentidão da humanidade em dar respostas aos fenômenos naturais. Ano passado na Rio + 20 isso ficou claro na posição dos governos de adiar a definição de metas claras e ações a serem adotadas por cada um dos países. O que isso tem a ver com as manifestações de agora? Muito. Porque esta incapacidade se reflete também nas respostas aos fenômenos sociais.

Assim como a preocupação com o meio ambiente, há decisões estratégicas importantíssimas que tem sido sistematicamente adiadas nas áreas de saúde, educação, mobilidade/transportes. O dinheiro é gasto, mas a mudança não chega. A agenda econômica, com a inflação galopante, o dólar aumentando, o poder de compra caindo, ajuda a colocar lenha na fogueira nesta insatisfação geral. O que acontece agora? Não sabemos.

No entanto, nutro uma esperança imensa na capacidade do cidadão de entender, a partir destes movimentos que estão surgindo sem partidos, que ele tem um papel a cumprir e que o seu silêncio o tornava era cúmplice da inércia. Qualquer mudança neste mundo cada vez mais fragmentado só acontecerá se começarmos a mudança em nós mesmos. Três das revoluções que precisam ser feitas no mundo: a ambiental, no caminho de uma vida e de um consumo mais sustentáveis, a política, em busca de um poder verdadeiramente representativo, e o fim da corrupção, passam por mudanças comportamentais. E, por isso mesmo, são tão difíceis de ocorrer. Difíceis, não impossíveis.

Já saímos do conforto de nossas casas. Está na hora de sairmos do conforto de esperar que alguém nos apresente uma solução para a nossa insatisfação. Precisamos encontrar este caminho. Reclamando, protestando, mas também fazendo. Pesquisando os candidatos e seu histórico, não desperdiçando água, sendo o exemplo que queremos ver no próximo, ensinando aos filhos o valor do esforço e do trabalho, e reconhecendo este valor. É muito disseminado no país a máxima do “Por que eu vou fazer se o vizinho não faz?”. Comece. Seja a mudança. Participe. Esta, sim, será uma grande revolução. 

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